Memorial do Rio Tietê

Indústria e Poluição

O estado de São Paulo tem hoje altos índices de desenvolvimento urbano, industrial e agrícola, sem ter, em centrapartida o problema da degradação e o comprometimento das suas águas. O tratamento de esgotos urbanos quase inexiste, fazendo com que as águas mais críticas sejam justamente as de maior concentração urbana-em especial a cidade de São Paulo, onde 11% da população do país mora numa área de 1% do território ou, falado de outra forma, onde a metade da população do estado mora em 3,2% de sua área. Vejamos o que acontece em seu percurso.

Para os lados da nascente do rio, as principais causas do comprometimento das águas estão relacionadas ao lançamento de dejetos em seu leito e a falta de disciplina no uso das terras destinadas à agricultura e à pecuária na região ribeirinha. Os fundos de vale e baixas encostas do Alto Tietê abrangem uma área de 30% desse trecho da bacia, e nela são desenvolvidas cerca de 64% das atividades horti-fruti-granjeiras da Grande São Paulo. Ha também uma área de aproximadamente 36% de pastagem naturais e de 2% de pastagens cultivadas, destinadas à produção de leite. Apenas pouco mais de 1% de toda a área mantém remanescentes da mata natural.
À medida que o Tietê se aproxima da capital e atravessa Moji das Cruzes, a presença da indústria se acentua, chegando a cerca de duzentos o total de estabelecimentos. Já na zona metropolitana, o rio encontra o mais amplo complexo urbano-industrial do país também um de seus trechos mais poluídos: a foz do Tamanduateí.

Nessa região, o Tietê é um rio morto, sem vida aquática a decomposição da matéria orgânica dos esgostos acarreta um consumo elevado de oxigênio, que não pode ser reposto por meios naturais. Na ausência do oxigênio, a degradação da matéria orgânica poluidora se dá por tipos de organismos que produzem gases mal cheirosos, tais como o gás sulfídrico e gases mercapitanos. O quadro se agrava ainda mais pelo lançamento adicional de outras cargas poluidoras.

Essas águas poluídas seguem, em boa parte, em direção à represa Billings, através da reversão do curso dorio Pinheiros. Com a implantação de uma operação de despoluição da Billings, ocorrida há alguns anos, parte do esgoto passou a seguir o curso normal do Tietê ao invés de chegar em grande quantidade à represa. Com os protestos ocorridos em várias localidades ao longo do rio, verificou-se que os prejuízos foram divididos, com parte dos dejetos sendo jogados na Billings e o restante lançado Tietê abaixo.
Ao sair de São Paulo, o trecho do Tietê chamado de Médio Superior também corre alto risco de agressão por agroquímicos . Aproximadamente 22% da área é cultivada por produtos como açúcar, café, citros, hortaliças e frutas, que demandam a aplicação intensa de defensivos e fertilizantes. Há ainda uma importante atividade granjeira, ficando uma área de aproximadamente 14% utilizada para matas e capoeiras, e de 13% para reflorestamento.

O potencial de poluição do Tietê Inferior corresponde a 31% de origem doméstica e 69% industrial, entre estes se sobressaindo os de onze usinas, dez engenhos, cinco curtumes e dezoito indústrias alimentícias que lançam seus efluentes em pastagens, café, cana, milho, citros - também são significativas, demandando altas taxas de fertilizantes e agrotóxicos que podem comprometer a qualidade dos reservatórios,
No Baixo Tietê, a carga doméstica corresponde a aproximadamente 23% do potencial de poluição, e a industrial, a 7%. Essa atividade industrial está fundamentalmente relacionada ao complexo da agropecuária: quatro frigoríficos, quatro laticínios, uma fábrica de conservas e três curtumes. Em conjunto, respondem pela maior parte da carga industrial poluidora. Além dessas fontes, também é significativa a área de pastagens cultivadas, que corresponde à cerca de 73% do total e onde, dependendo dos tipos de solos dominantes, são aplicadas taxas variáveis de fertilizantes.