Memorial do Rio Tietê

O Primeiro Mapa

Pelos campos de Piratininga, o Tietê, com os rios Pinheiros, Tamanduateí e ribeirões afluentes, formava um trampolim para o sertão. Ele deixava de ser navegável na altura de Barueri, onde seu curso se tornava acidentado, para sê-lo novamente a partir de Itu. Dali para o oeste, até desaguar no Paraná, tinha trechos penosos, mas corria mais suavemente.

O rio serviu como via de penetração ao centro do país muito antes das bandeiras do Século XVII, mas sua navegação só se aperfeiçoou quando se tornou necessário estabelecer um sistema regular de comunicações com o interior. Navegar por ele era tarefa ingrata. Primeiro os bandeirantes, quando buscavam índios, ouro ou pedras preciosas; depois, os integrantes das monções, que se dirigiam principalmente para Cuiabá; e, finalmente, os tropeiros, missionários, mascates, comerciantes e, eventualmente, soldados, que se utilizavam o cursos de suas águas, todos, sem exceção, enfrentavam focos de doenças e uma vegetação densa nas margens, que os fez muitas vezes preterir o rio por trilhas de terra.

O leito do Tietê também foi utilizado como caminho para o Paraguai, e é de 1628, da expedição de D. Luiz de Céspedes Xeria, Governador do Paraguai, o mais antigo documento cartográfico do rio de que se tem notícia. Xeria fez uma viagem de 19 dias em uma embarcação que partiu do porto de Nossa Senhora da Atocha - provavelmente perto de Porto Feliz - e navegou pelo Tietê até o rio Paraná, e desde até a Cidade Real de Guairá. Já em seu país, elaborou uma reprodução grosseira do traçado do rio, onde descreve as dificuldades enfrentadas no percurso e indica corredeiras saltos e penhascos além de pontos onde foi necessária a travessia por terra. Esse documento tem valor inestimável ao assinalar, de forma bastante abrangente, a nomenclatura original dos lugares e dos acidentes geográficos da região, alguns mantidos até hoje.